6 de março de 2008

Juno (não leia se ainda não assistiu)

Finalmente consegui assistir "Juno"! Estava muito ansiosa para ver esse filme, especialmente depois de todos os elogios ao roteiro, escrito por uma ex-streaper que frequentou Harvard (?!) chamada Diablo Cody, durante a cerimônia do Oscar. Tanto que ela ganhou o Oscar, né!! :)

A primeira coisa que me chamou a atenção no tapete vermelho foi a figura inusitada (e cafonérrima, diga-se) de Diablo, toda tatuada num sofrível vestido de oncinha.
Os comentaristas do Oscar na TNT não cansavam de elogiar seu trabalho, dizendo que o filme tinha diálogos únicos, com jargões que conquistaram a América, a exemplo de Tropa de Elite no Brasil, quando todo mundo ficou por um bom tempo dizendo "pede pra sair, 02!!".
Realmente os diálogos são muito difíceis de entender pra quem não é nativo. 90% das legendas não correspondem ao que está sendo dito, somente dão uma resumida na idéia principal da frase. São muitas gírias e modos de expressar as idéias bastante originais. Ela consegue escrever uma coisa simples de uma forma totalmente inusitada, muito bom mesmo (isso do que eu consegui entender, porque o resto ficou só na legenda mesmo).
Depois ouvi vários elogios sobre a trilha sonora (disseram que a música era Indy - não conheço esse estilo então não vou comentar), que particularmente achei que se encaixou perfeitamente à história "moderninha e feliz", parafraseando meu amigo blogueiro Bruno Camurati (camubruno.wordpress.com).
Vamos lá... impressões sobre o filme: de fato, não poderia ser mais moderninho!
Conta simplesmente a história de uma gravidez não planejada de uma garota de 16 anos e a maneira com que se livrou do problema. Como disse minha amiga Tati, que assistiu comigo, "as pessoas desse filme são muito estranhas". Ninguém realmente se desespera ou se choca com a notícia da gravidez da adolescente. Ao contrário, todos são muito práticos e objetivos em solucionar o problema da melhor maneira possível, não pestanejando em "dar" a criança a um casal rico que não podia ter filhos.
Será que são minhas raízes latinas que gritam por um outro rumo, do tipo a família se mobilizando para assumir e criar a criança?! Afinal, considerando a situação da família de Juno (classe média baixa para os padrões americanos), isso não seria impossível. Meu Deus, mas quanta frieza desse povo, eles não podem ser assim tão desgarrados!
Ah tá, alguns diriam, mas tem o lado emocional... a garota de 16 anos não teria condições de criar um filho... Bem, obviamente esse argumento é furado. A Ellen Page tem uma carinha fofa de menininha desprotegida, mas 16 anos não é uma idade tão baixa assim, apesar de tentarem passar a impressão de que Juno e Paulie (o pai) são duas criancinhas. Seria mais realista se tivessem 13, 14 anos... mas 16, francamente, muita forçação. Me poupem!
Aí a história é super feliz: Juno encontra pessoas ricas e perfeitas para criarem seu filho indesejado, tem o bebê e o entrega à adoação. Depois retoma sua vida como se nada tivesse acontecido, começa (agora sim) a namorar Paulie (que descobre ser o "homem" de sua vida durante a gravidez) e termina feliz descobrindo o verdadeiro amor.
Umas das últimas falas do filme diz que o caminho normal seria apaixonar-se antes (leia-se: amadurecer emocionalmente) e reproduzir-se depois, mas como eles não são gente como a gente (claro, o filme é moderninho, lembra?), fizeram o caminho oposto! Simples assim! E com um final tão feliz (será?)!
Bem, de volta à vida real... duvido MUITO que esse episódio não marcasse e traumatizasse profundamente a vida de uma mulher. Imaginem se, por obra do destino, Juno e Paulie continuassem a se relacionar durante muitos anos. Será que não ficariam nem um pouco arrependidos do que fizeram??
Enfim, acho que a história é pra gerar debate mesmo. A história do "caminho inverso" muito bem resolvido é difícil de engolir, mas agrada. Tanto que Juno conquistou corações!
Enfim, uma doidera só!! Gosto de roteiros inteligentes e originais, como "Borat" também, mais maluco impossível!
Não vou dizer que não gostei, porque adorei!




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