15 de novembro de 2010

Beleza Americana (1999)

Há mais de dez anos estreava nos cinemas Beleza Americana e eu, obviamente, assisti e adorei. Mesmo sem ser uma crítica de arte, dá pra dizer quando o filme é ótimo.

Aí ontem eu estava debaixo das cobertas, num domingo chuvoso, quando começou a passar American Beauty na TNT.

É um filme que foge do comum mesmo, porque ele é todo bom: roteiro, fotografia, atuações. Tudo é excepcional. Muitos dizem que é uma obra-prima do cinema. Honras ao diretor Sam Mendes, roteirista Alan Ball e diretor de fotografia Conrad L. Hall.

Fui atrás de críticas para aprender um pouco mais. E encontrei muita coisa.

O filme começa com uma narrativa post mortem que resume perfeitamente o seu mote:

“Meu nome é Lester Burnham. Essa é minha vizinhança. Essa é minha rua. Essa é minha vida. Eu tenho 42 anos e, em menos de um ano, estarei morto. É claro, eu ainda não sei disso. E, de certa forma, eu já estou morto.”

Beleza Americana se inicia contrapondo-se à grande maioria de outros filmes, que deixariam a informação da morte do protagonista bem guardada para um derradeiro e surpreendente final. Essa é a primeira de várias escolhas geniais que o roteirista Alan Ball aplica em seu script.

Os críticos dizem que o objetivo desta informação no início do filme é se desvencilhar de uma possível conclusão convencional para se ater a outras diversas indagações e análises, que são os reais objetivos de seu texto. E quais seriam?

Para responder a esta pergunta basta entender o título do filme: American Beauty.

O elemento visual mais importante, que deve ser visível para qualquer espectador, é a presença de rosas vermelhas nos ambientes em que se passam algumas cenas. Rosas não, american beauties! Elas são uma variação de rosa muito comum nos Estados Unidos, que é visualmente perfeita, porém não possui cheiro nem espinhos.

A sutileza com que o diretor - então estreante - Mendes as apresenta no decorrer de seu filme faz um paralelo com as famílias suburbanas americanas que, aparentemente perfeitas com suas belas casas, carros e sorrisos, são emocionalmente vazias. O que buscam tais pessoas? Quais os seus anseios? O que lhes preenche? Tudo superficial.

No decorrer da história tramas paralelas se desenrolam e soluções são buscadas de forma totalmente "torta", sem qualquer direção. Chega a ser ridícula a busca pela felicidade do protagonista.

Em sua seqüência final, pouco antes do grande clímax, uma cena possui uma simbologia fantástica, de uma simplicidade ímpar. Lester (Kevin Spacey) segura uma foto antiga de família e se sente genuinamente feliz perante a imagem de si mesmo com sua esposa e filha em um momento de descontração e alegria. O plano seguinte mostra as mãos de Lester segurando o porta-retrato à frente de um vaso cheio de american beauties, representando a desconstrução e desestabilização que atingiu a família ao longo do tempo.

O filme esmiúça o estilo de vida suburbano na América do Norte, mas sem restringí-lo àquelas pessoas que fazem parte daquele nicho social e geográfico. É um filme global. Beleza Americana analisa os problemas do cotidiano dessa classe e os meios encontrados - ou não - para resolvê-los.

O filme beira a perfeição, segundo a crítica.

Eu só posso encorajá-los a assisti-lo novamente, após 11 anos, e refletir se algumas dessas críticas também não se aplicam às nossas próprias vidas.

Como diria a própria campanha de marketing: Olhe bem de perto! Afinal, nada é tão perfeito assim.

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